Junta de Freguesia de Castro Marim
"Juntos por Castro Marim"
Castro Marim
Uma terra com história
A vila de Castro Marim localiza-se na margem direita da foz do Rio Guadiana e, por esta mesma posição privilegiada, tem sido zona de grande interesse por parte de várias civilizações. As campanhas de escavações arqueológicas realizadas na colina do Castelo, desde os anos 80 do século passado, não só permitiram desvendar o papel importante que a vila teve no comércio mediterrâneo, como também os vários indícios de passagem e de instalação de inúmeras civilizações. A partir da análise dos vestígios materiais encontrados concluiu-se que, por Castro Marim, passaram povoações antigas como as da Idade do Bronze, Fenícios, Gregos, Cartagineses, Romanos, Mouros, entre outros.
Aquando da instalação dos Romanos na Península Ibérica, (séc. II a.C.), Castro Marim recebeu o nome de «Baesuris» e deste ponto geográfico fizeram-se duas grandes estradas de ligação a pontos romanos importantes. “Esta privilegiada via de comunicação marítima e fluvial é mais tarde complementada pelo eixo viário romano, com duas vias com passagem em Castro Marim: uma que partiria de Castro Marim em direção a Beja, com passagem por Mértola, e outra ligando as restantes cidades romanas do território atualmente algarvio (…).” Mais tarde, Visigodos e Mouros instalaram aqui bases importantes.
Em 1242, D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago, reconquistou Castro Marim aos Mouros e a partir de 1277, monarcas vão conceder-lhe forais, privilégios, concessões e doações, iniciados no reinado de D. Afonso III, que no mesmo ano atribuiu Carta de Foral a Castro Marim. Durante o Período Medieval, em Portugal crescem exponencialmente vilas e castelos. Com D. Afonso III e D. Dinis foram implementadas novas políticas de “regulamentação dos poderes políticos, administrativos, jurídicos e militares entre o rei e os municípios e teve como principal instrumento a concessão de cartas de foral, promovendo a regulamentação da autonomia municipal.". Neste contexto, Castro Marim foi alvo deste processo de valorização dos núcleos urbanos e, por isso, sofreu uma série de alterações a nível estrutural. Para além da construção do castelo velho (datado de 1274), a vila conta também com a construção de uma cerca capaz de proteger o aglomerado urbano que povoava a colina do castelo (datada de 1279). Em 1282 recebe novo Foral e a 14 de março de 1319, no reinado de D. Dinis, Castro Marim acolheu, por bula decretada pelo Papa João XXII, a primeira sede da Ordem de Cristo, que herdou as propriedades da extinta Ordem dos Templários, por aqui existir “Castello muy forte, a que a disposição do lugar faz muy defensavel que he na frontaria dos ditos inimigos”.
Por ordem da Coroa Portuguesa, o povo Castromarinense deveria permanecer dentro de muralhas, com exceção daqueles que, pela sua profissão, tinham de permanecer fora desta, mais concretamente “no arrabalde, junto à Ribeira, onde se localizavam os estaleiros e o cais de embarque e desembarque”. No entanto, mesmo com ordens proibitórias, começaram a erguer-se habitações extramuros.
Em 1504, no reinado de D. Manuel I, Castro Marim volta a ter Carta de Foral e em 1509-10, após as obras de restauro do Castelo, a vila passou a ter um papel importante na luta contra os muçulmanos, tornando-se a principal praça de guerra do Algarve.
Foi também nesta vila que, a 17 de Julho de 1580, o Concelho de Regência assina um manifesto onde Filipe II é nomeado Soberano de Portugal. Durante o período Filipino Castro Marim integrou a defesa do litoral a par de outras vilas e cidades do sul de Portugal e do sul de Espanha contra os marroquinos.
Em 1640, com as Guerras da Restauração, o castelo foi restaurado por ordem de D. João IV e acrescido de novas fortificações, como o Forte de São Sebastião na colina oposta, o Revelim de Santo António e a cerca seiscentista.
Em dezembro de 1722, Castro Marim sofreu um terramoto com epicentro em Tavira, que veio a provocar algumas danificações no castelo. E em 1755, com o terramoto de 1 de novembro, as habitações no interior da muralha medieval ficaram inutilizáveis – "a torre de menagem ruiu por completo, bem como os torreões do castelo velho (…) desabaram os quarteis, a casa do governador e a igreja matriz de Santiago.”
Bibliografia especifica
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